Nesta segunda-feira (4/11), a Câmara Municipal de São Paulo recebeu o seminário “Acervos pessoais em bibliotecas: Aureliano Leite, entre lutas e livros”, com o objetivo de discutir a importância da doação de acervos pessoais para bibliotecas, refletir sobre as contribuições de Aureliano Leite para instituições de referência na cidade e divulgar o acervo da biblioteca da Câmara Municipal.
O evento foi organizado pela Escola do Parlamento, em parceria com a Secretaria de Documentação do Legislativo paulistano, além do Centro de Memória do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo), TRF (Tribunal Regional Federal) e do IHGSP (Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo).
Aureliano Leite doou aproximadamente 6 mil livros para o acervo da biblioteca da Câmara Municipal de São Paulo, em 1974. Durante o seminário, ao todo, foram realizadas cinco mesas de debate, mediadas pelo secretário de Documentação da Câmara Municipal de São Paulo, Ubirajara Prestes, doutor em História pela USP (Universidade de São Paulo).
“Ao longo da história das bibliotecas do Brasil, sabemos que várias personalidades doaram seus acervos para serem preservados por essas instituições. Assim aconteceu na Câmara Municipal, que, em 1974, recebeu a doação do acervo de uma grande personalidade da história política e social de São Paulo e do Brasil: Aureliano Leite. Este evento teve como objetivo analisar a importância desses acervos pessoais em bibliotecas, como devemos cuidar desses patrimônios históricos e culturais e também como torná-los conhecidos pela população, pois conhecer esse patrimônio é um exercício de cidadania”, disse Ubirajara Prestes.
José D’Amico Bauab, analista judiciário e gestor responsável pelo Centro de Memória do TRE-SP, destacou a importância do evento e relembrou passagens da biografia de Aureliano. “Esse seminário sobre a vida e obra de Aureliano Leite é absolutamente relevante para aqueles que apreciam a história de São Paulo, testemunhada e colocada na prática por uma figura notável do panorama político-eleitoral paulista e brasileiro do século XX. Aureliano Leite foi um escritor consagrado, elogiado até por Monteiro Lobato, membro da Academia Paulista de Letras, e parlamentar, sendo um dos constituintes de 1946. Entre outras ideias que ele teve, destaca-se a proposta de trazer a comemoração do dia 22 de abril como o descobrimento do Brasil, já que até então a comemoração ocorria em 3 de maio. Esse foi um grande feito dele para a história do Brasil, a partir dos estudos historiográficos promovidos por ele”.
Mesas de debate
A programação incluiu discussões sobre a trajetória de Aureliano Leite e o impacto de seus escritos, com ênfase em sua atuação nos movimentos sociais e políticos do Brasil. A primeira mesa, intitulada “Olhares que constroem coleções”, foi conduzida por Luciana Maria Napoleone, especialista em biblioteconomia, que explorou a importância dos acervos pessoais nas bibliotecas contemporâneas.
A segunda mesa, “Aureliano Leite – entre lutas e livros”, apresentada por José D’Amico Bauab, abordou a vida e a obra de Leite, destacando seu papel na Revolução Constitucionalista de 1932 e sua influência como intelectual.
“É importante termos a perspectiva de que os acervos pessoais custodiados por bibliotecas públicas, como a da Câmara Municipal de São Paulo, estão acessíveis a todas as pessoas que possam se interessar pela história da cidade, no sentido de desenvolver um pertencimento em relação à história narrada por grandes memorialistas como Aureliano Leite. Portanto, uma ação como essa, até onde sabemos, é inédita entre as bibliotecas públicas parlamentares de São Paulo”, comentou José D’Amico.
Outros temas abordados incluíram a relação de Aureliano Leite com o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e a análise do acervo que ele deixou à Câmara de Vereadores. A discussão foi enriquecida pela participação de especialistas em história, biblioteconomia e educação.
Dr. João Tomas do Amaral, presidente do IHGSP, também palestrou no evento, e ficou responsável pela mesa com a temática “Aureliano Leite e o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo”.
“Essa palestra trouxe duas vertentes: a primeira, eu trouxe um pouco sobre a história do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, que, no dia primeiro de novembro, agora completou 130 anos. Na segunda parte, abordamos Aureliano Leite dentro do Instituto, tendo em vista seu ingresso em 5 de agosto de 1930. Depois, ele assumiu a presidência do Instituto em 1962 e seguiu até seu falecimento em 1976. É uma história bastante significativa e a importância de Aureliano tanto no Instituto quanto para a cidade é uma ligação extremamente forte, considerando tudo o que ele fez, suas participações, a vinda muito cedo para São Paulo para estar com a família, seus estudos e seu envolvimento em momentos cruciais da história da cidade, como a Revolução de 24, a Revolução de 30 e o envolvimento em 32. Ele foi exilado em 32, já era membro do Instituto, e todas as intervenções culturais das quais participou”, explicou presidente do instituto.
Aureliano Leite
Aureliano Leite (1886-1976) foi advogado, historiador, político e escritor brasileiro. Nascido em Ouro Fino, Minas Gerais, ele se destacou na política e no cenário intelectual do Brasil ao longo do século XX. Participou ativamente de movimentos importantes, como a Revolta Tenentista de 1924 e a Revolução Constitucionalista de 1932, e ocupou cargos como o de deputado federal. Além de sua carreira política, foi um influente historiador, membro da Academia Paulista de Letras e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.
Assista o evento na íntegra acessando este link.
Confira o álbum de fotos, disponível no Flickr da CMSP. Crédito: Lucas Bassi | REDE CÂMARA SP
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Com informações da Câmara Municipal de São Paulo