Foi a música que colocou Isaque Elias Henrique Lopes, 29 anos, de Perus, zona norte de São Paulo, em um avião com destino a Holanda, França e Estados Unidos. Foi por meio da trompa que chegou o primeiro salário, a carteira de trabalho assinada, o reconhecimento como artista. Mas trilhar o caminho de superação entre vender doces para ajudar no orçamento de casa ao espaço nas mais importantes orquestras de São Paulo não foi fácil.
O jovem músico da periferia de São Paulo teve o importante apoio do Guri, programa de educação musical do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, gerido pela Santa Marcelina Cultura, para trilhar seu caminho. Isaque é um dos personagens da exposição fotográfica “Retratos de Superação: do Sonho à Realização”, que traz moradores de São Paulo que conseguiram superar situações de pobreza. A mostra faz parte do lançamento do SuperAção SP, maior programa estadual de superação da pobreza no Brasil. A iniciativa prevê ações integradas que unem assistência social, qualificação, saúde, educação, geração de renda e apoio financeiro.
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As fotografias podem ser vistas até 25 de agosto, na estação Barra Funda da CPTM. Os vídeos curtos com as histórias de cada um dos personagens estão no YouTube oficial do Governo de São Paulo.
Isaque conta que começou a se interessar por instrumentos musicais na igreja que frequentava, ainda aos 7 anos. Tocou tuba e trompete até os 12 anos, quando foi convencido por um vizinho a participar dos cursos do Guri. Mas o projeto só tinha vagas para trompa naquele momento. “Resolvi encarar mesmo assim. O Guri foi muito importante para minha trajetória”, conta o músico.
Aos 16 anos, Isaque conta que quase desistiu da música. “Meu pai ficou doente e só tínhamos a aposentadoria da minha mãe de renda. Meus tios me pressionaram para abandonar a música e procurar um emprego. Mas meu professor da época disse que eu tinha talento e não podia desistir.” O músico conta então que não abandonou as aulas no Guri, mas passou a vender doces e tapiocas nos horários livres para ajudar em casa.
Um ano depois, Isaque conquistou seu primeiro trabalho remunerado com a música, passando no concurso da Emesp, escola de música também do Governo de São Paulo. Daí em diante, as conquistas foram se somando. “Foi com a Emesp que abri uma conta bancária, viajei como músico para Europa e Estados Unidos. Aprendi muito. E meus pais se convenceram de que a música era meu trabalho.”
Isaque seria destaque ainda no Festival de Campos do Jordão, passaria no concurso para participar da Orquestra do Theatro São Pedro, onde pela primeira vez trabalhou como CLT, e hoje é músico na Orquestra do Theatro Municipal de São Paulo e Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas.
“Quero sempre continuar estudando e dar o meu melhor. E vou continuar sonhando. Meu conselho para outros garotos e garotas que querem viver da música é acreditar, ser focado e estudar muito.”
SuperAção SP
O SuperAção SP é um programa inédito, integrado e intersetorial com o objetivo de dar condições para que famílias vulneráveis tenham apoio e acesso às oportunidades para a efetiva superação da pobreza no estado de São Paulo. Trata-se de uma jornada completa e estruturada, que leva à emancipação e à autonomia dessa população. Com aporte inicial de R$ 500 milhões para operacionalização, o SuperAção SP integra ações de proteção social, capacitação profissional e inclusão no mundo do trabalho, em parceria com os municípios.
As famílias são selecionadas pelo CadÚnico e acompanhadas por agentes sociais por até dois anos, com planos personalizados, auxílios financeiros, bonificações por metas e acesso a políticas públicas de assistência social, educação, saúde, habitação e geração de renda.
Durante a construção do programa foram avaliadas mais de 60 experiências internacionais, contando também com o apoio de especialistas nacionais e internacionais ao longo de um ano. O SuperAção SP será estruturado em ondas, atendendo, nessa primeira etapa, 105 mil famílias em situação de vulnerabilidade social. Os benefícios variam conforme a fase em que cada família se encontra e podem chegar a R$ 10,4 mil ao longo do percurso.
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Com informações do Governo de São Paulo
